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Machado de
Assis
DOM CASMURRO |
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CAPÍTULO
XXXIII / O PENTEADO
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E Capitu deu-me as costas,
voltando-se para o espelhando. Peguei-lhe dos cabelos, colhi-os todos e
entrei a alisá-los com o pente, desde a testa até as últimas pontas, que lhe
desciam à cintura. Em pé não dava jeito: não esquecestes que ela era um
nadinha mais alta que eu, mas ainda que fosse da mesma altura. Pedi-lhe que
se sentasse.
--Senta aqui, é melhor.
Sentou-se. "Vamos ver o grande
cabeleireiro", disse-me rindo. Continuei a alisar os cabelos, com muito
cuidado, e dividi-os em duas porções iguais, para compor as duas tranças. Não
as fiz logo, nem assim depressa, como podem supor os cabeleireiros de ofício,
mas devagar, devagarinho, saboreando pelo tacto aqueles fios grossos, que
eram parte dela. O trabalho era atrapalhado, às vezes por desazo, outras de
propósito para desfazer o feito e refazê-lo. Os dedos roçavam na nuca da
pequena ou nas espáduas vestidas de chita, e a sensação era um deleite. Mas,
enfim, os cabelos iam acabando, por mais que eu os quisesse intermináveis.
Não pedi ao céu que eles fossem tão longos como os da Aurora, porque não
conhecia ainda esta divindade que os velhos poetas me apresentaram depois;
mas, desejei penteá-los por todos os séculos dos séculos, tecer duas tranças
que pudessem envolver o infinito por um número inominável de vezes. Se isto
vos parecer enfático, desgraçado leitor, é que nunca penteastes uma pequena,
nunca pusestes as mãos adolescentes na jovem cabeça de uma ninfa... Uma
ninfa! Todo eu estou mitológico. Ainda há pouco, falando dos seus olhos de
ressaca, cheguei a escrever Tétis; risquei Tétis, risquemos ninfa, digamos
somente uma criatura amada, palavra que envolve todas as potências cristãs e
pagãs. Enfim acabei as duas tranças. Onde estava a fita para atar-lhes as
pontas Em cima da mesa, um triste pedaço de fita enxovalhada. Juntei as
pontas das tranças, uni-as por um laço, retoquei a obra, alargando aqui, achatando
ali, até que exclamei:
--Pronto!
--Estará bom?
--Veja no espelho.
Em vez de ir ao espelho, que pensais
que fez Capitu? Não vos esqueçais que estava sentada, de costas para mim.
Capitu derreou a cabeça, a tal ponto que me foi preciso acudir com as mãos e
ampará-la; o espaldar da cadeira era baixo. Inclinei-me depois sobre ela
rosto a rosto, mas trocados, os olhos de uma na linha da boca do outro.
Pedi-lhe que levantasse a cabeça, podia ficar tonta, machucar o pescoço.
Cheguei a dizer-lhe que estava feia; mas nem esta razão a moveu.
--Levanta, Capitu!
Não quis, não levantou a cabeça, e
ficamos assim a olhar um para o outro, até que ela abrochou os lábios, eu
desci os meus, e...
Grande foi a sensação do beijo;
Capitu ergueu-se, rápida, eu recuei até à parede com uma espécie de vertigem,
sem fala, os olhos escuros. Quando eles me clarearam vi que Capitu tinha os
seus no chão. Não me atrevi a dizer nada; ainda que quisesse, faltava-me
língua. Preso. atordoado, não achava gesto nem ímpeto que me descolasse da parede
e me atirasse a ela com mil palavras cálidas e mimosas...
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Resultados da pesquisa
sábado, 30 de maio de 2015
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Prof é o Saulo.Assisti todos os videos de ciência e adorei,escrevi tudo na agenda.Vou assistir de historia amanhã tchau.
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